Professor da UFSC traduz para o português segundo livro do ‘Digesto de Justiniano’
O professor de Direito da UFSC, José Isaac Pilati, traduziu, pela primeira vez, do latim para a língua portuguesa o “Digesto de Justiniano – Livro Segundo: Jurisdição”, em parceria com o professor da Universidade de São Paulo (USP) e tradutor do primeiro livro do Digesto, Hélcio Maciel França Madeira, e o Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (LLV), do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade. O texto é um dos mais antigos da cultura jurídica ocidental. A edição traduzida foi lançada no final de junho pela Editora da UFSC (EdUFSC).
“Esse foi um trabalho de muitas mãos, não de um pesquisador isolado”, afirma Pilati, que já recebeu comentários positivos de juristas nacionais e internacionais. A tradução do latim para o português levou três anos ao todo. “Fiz isso com a convicção de que um jurista que estuda direto nas fontes realmente entende o conteúdo”, explica o professor.
Para Pilati, que estudou latim de 1961 a 1968 com padres em Passo Fundo (RS), a maior dificuldade foi voltar a traduzir a língua latina. “Eu poderia fazer uma tradução mais curta e objetiva, porém falsa. Nesses meandros é que está toda a verdade”, expõe.
O professor espera que, a partir dessa obra, outros estudos sejam desenvolvidos e que pesquisadores continuem com a tradução dos 48 livros do Digesto ainda não trazidos para o português. “O Direito atual se encontra falido e desatualizado demais para lidar com os novos conflitos. A solução para isso é retornar o caminho para o passado”, finaliza Pilati.
Em agosto deste ano, o professor também pretende lançar o livro no Panamá, por ocasião do XVIII Congresso Latino-Americano de Direito Romano, e na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro (RJ).
Prefácio
Por Hélcio Maciel França Madeira
A passagem do texto latino ao português exigiu do tradutor, mais do que o domínio de ambas as línguas, a aplicação do conhecimento jurídico haurido nos anos de experiência docente e de pesquisa, nas áreas específicas do Direito Romano, do Direito Civil e do Processo Civil.
A tradução revela a harmonia entre as linguagens científica, culta e literária. O texto, a par de sua importância para o Direito Romano e para a História do Processo, é também mais uma contribuição do tradutor às belas-letras, unindo-se aos inúmeros trabalhos literários em prosa e poesia.
As notas ao texto, o seu prefácio esmerado e os apêndices, integrando-se à tradução, oferecem-nos, a nós leitores, uma sólida e tríplice lição, êxito de suas três destacadas vivências, que o ocuparam simultaneamente no seu longo itinerário intelectual, como beletrista, romanista e processualista. No texto traduzido, assim apresentado, que nos leva diretamente ao olho do furacão: temas jurídicos da ação e do contrato, convida-nos também à leitura e à tradução de tantos outros, que, inéditos na língua pátria, encontrarão nessa exemplar faina a inspiração que lhes faltava. Sorte a nossa, professor Pilati, podermos ser hoje seus leitores.
Beatriz Nedel Mendes de Aguar/ Estagiária de Jornalismo da Agecom/ UFSC
beatriznedel@gmail.com