Desafio do ensino no século XXI é abordar problemas sociais e ambientais

02/08/2012 12:19

Xosé Souto Gonzales fala sobre os desafios do ensino da geografia

O principal desafio dos professores de Geografia e História é construir processos escolares que tenham ligação com os problemas sociais e ambientais. Esta afirmação foi feita pelo professor Xosé Souto Gonzales, da Universidad de Valencia, na Espanha, durante o seminário internacional “Desafios do Ensino de Geografia no Século XXI”, que começou ontem e termina nesta quinta-feira, dia 2, no auditório do Centro de Ciências da Educação (CED) da UFSC. “Precisamos ver com olhos críticos as estruturas e a própria burocracia escolar, e buscar novos modelos que não tolham a autonomia do professor”, ressaltou Gonzales, que à tarde, a partir das 13h30, falará sobre “A construção de uma unidade didática interdisciplinar”.

Dentro da programação da manhã os inscritos no seminário discutiram em grupo como fazer um planejamento de aulas para o ensino fundamental nas áreas de Geografia e História e como, a partir disso, realizar a avaliação do que foi apreendido pelos alunos. Chamou a atenção que cada escola adota metodologias próprias, embora haja parâmetros nacionais para nortear o repasse e avaliação dos conteúdos.

Uma queixa recorrente é a de que os modelos adotados no Brasil são importados da Espanha, que por sua vez inspirou-se na matriz inglesa implementada pela ex-primeira-ministra Margareth Tatcher. Com isso, os livros didáticos, por exemplo, são os mesmos para todas as regiões do país, independente de suas características sociais, econômicas e culturais. Segundo o professor Xosé Gonzales, esse fenômeno também ocorre na educação espanhola, porque o governo, pressionado pela indústria editorial, impôs os conteúdos curriculares para cada série e os livros a serem usados em sala de aula.

Na essência, os problemas do ensino fundamental são idênticos nos dois países, onde o aluno é um elemento passivo e pouco varia o que o professor chama de “declaração de boa vontade”, ou seja, a definição de objetivos, conceitos, conteúdos e procedimentos pedagógicos. Não se leva em conta as competências e aptidões dos estudantes. Daí a pergunta feita pelo mestre: “Somos investigadores ou meros reprodutores da cultura hegemônica?”

Uma diferença é que na Espanha há conteúdos fixos de História, por exemplo, em cada série do ensino fundamental, ao passo que no Brasil é comum cada professor passar por cima do que é planejado, definindo programas próprios. Nos debates, alguns participantes do seminário disseram estar convencidos de que os currículos no Brasil também são influenciados por grandes editoras – muitas delas, estrangeiras, entraram nos últimos anos no país, assumindo o controle de redes nacionais.

Informações: Sandra Mendonça samen44@hotmail.com

Paulo Clóvis Schmitz/Jornalista da Agecom/UFSC
pcquilombo@gmail.com 

Foto: Wagner Behr/Agecom

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