Colégio de Aplicação estimula pesquisa desde cedo

20/04/2012 14:32
.

(clique para ampliar) Fotos: Wagner Behr

O vídeo falava de lembranças, e uma delas fez com que as crianças e os adolescentes pensassem em como se relacionam com os símbolos de exaltação da pátria: a professora de Letras da UFSC, Alai Garcia Diniz, registrou que, durante a ditadura brasileira (1964-1985), permaneceu cerca de um mês presa, sendo obrigada a cantar o hino nacional várias vezes todos os dias. Das tantas cicatrizes da época, a docente guarda a convicção de que seu sentimento patriótico tornou-se vazio e nunca mais entoou a canção oficial. Resultado final do trabalho intitulado “Ditadura Militar: olhares do passado e do presente”, de Ana Luiza Shimomura Spinelli, 16 anos, o vídeo foi apresentado durante a I Mostra de Projetos de Iniciação Científica (Pibic) do Ensino Médio do Colégio de Aplicação (CA) da UFSC, realizada na quarta, 18/04, no próprio CA. Ao todo, foram 31 trabalhos sobre os mais diversos temas desenvolvidos em 2011, via CNPq, por meio da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação.

 

“A Mostra comprova que a pesquisa é possível, viável e muito importante na formação dos alunos”, defende o professor Manoel Teixeira dos Santos, coordenador de pesquisa e extensão do Colégio e orientador de Ana Luiza. Além de ressaltar a sensibilidade que os estudantes desenvolveram durante o trabalho de campo, com os entrevistados, o professor entende que o evento, como finalização de todo o processo, atingiu seu objetivo. “Constatamos nas apresentações que os estudantes dominaram os temas abordados, e a Mostra foi fundamental para que compartilhassem essas novas informações com os colegas, estimulando os bolsistas deste ano a avançarem em suas pesquisas”.

 

Lina Ribeiro Venturi, 16 anos, estuda clarinete, e Otto Henrique Thiel, 17, piano. Os dois decidiram entender o porquê da exclusão da mulher na história da música erudita. A partir do trabalho, produziram vídeo com passagens da vida de algumas musicistas, como Maria Anna Mozart – irmã de Wolfgang Amadeus –, entrevistas com professores do CA e profissionais da área. A pesquisa apontou que, antes do século XIX, as mulheres eram consideradas incapazes de produzir música de qualidade; peças com vozes agudas eram executadas por meninos, que, não raro, eram castrados – a fim de evitar a produção dos hormônios que tornam a voz dos rapazes mais grave a partir da puberdade – se quisessem continuar a cantar.

Isis Shandra Santos, 15 anos, também utilizou a bolsa Pibic para buscar respostas a questões do seu dia a dia. Integrante de uma família de vegetarianos, nunca tinha entendido muito bem porque a mãe insistia em utilizar cosméticos que não são testados em animais. Depois da pesquisa, a estudante percorreu o campus com lista de empresas que testam seus produtos e outra das que não testam em mãos. “Eu perguntava a marca do rímel que as mulheres usavam, então lhes contava como eram feitos os testes”.

Hoje ela diz que seu entendimento sobre a questão mudou. “Tenho outro olhar sobre as empresas; se as pessoas pararem de consumir, os processos serão modificados, evitando o sofrimento de muitos animais”. Isis quer cursar Biologia, mas pensa também em Direito, para se “especializar na área ambiental e defender os animais”. O próximo tema que pretende pesquisar é a influência que a mídia exerce nos jovens.

Pibic do Ensino Médio e PIP-CA
Desde 2010 o Colégio de Aplicação oferece anualmente 34 bolsas Pibic Ensino Médio a seus alunos. Com duração de 12 meses, o projeto do governo federal, vinculado ao CNPq e oferecido pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduaçao (PREG), estipula que seus bolsistas sejam orientados por professores do CA, tenham currículos inscritos na plataforma Lattes e apresentem relatórios de pesquisa no decorrer do processo.

Para concorrer às bolsas os estudantes têm seus boletins avaliados e realizam entrevista com os orientadores. Devido à grande procura, em 2012 o CA criou o Programa de Iniciação à Pesquisa (PIP-CA), abrindo mais 18 vagas e mantendo as especificações do Pibic – incluindo aí o valor das bolsas, de R$100 mensais.

Desde o Fundamental
Antes de chegar ao Ensino Médio, porém, os alunos já têm contato com a pesquisa: na oitava série do Ensino Fundamental cursam a disciplina de Iniciação Científica, que é atrelada ao projeto Pé na Estrada do Conhecimento, instituído no CA há doze anos.

Por meio do projeto, os estudantes realizam viagens de estudo, conhecendo lugares como a barragem de Itá, onde entrelaçam diversas áreas do conhecimento, estudando a ocupação histórica, a geologia do local e a produção de energia.

Por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) em parceria com o CNPq, o Colégio mantém também o Pibic Junior, que oferece duas bolsas de pesquisa para alunos do Ensino Fundamental.

Mais informações com o professor Manoel: manoelprt@hotmail.com

Por Cláudia Schaun Reis/Jornalista na Agecom

Leia também: Prevenção do câncer é tema iniciação científica entre “pesquisadores mirins”

BOLSISTAS PIBIC-EM: aluno/banner

 

BOLSISTAS

BANNER

  1. Eduardo de Medeiros Santos Junior
Alcoólicos Anônimos e sociedade: Funcionamento de um grupo de A.A.
  1. Clarissa Machado Haase
Obesidade infantil: tendências para o século XXI.
  1. Alexandre Andrigheto Speratto
Formando uma juventude cidadã Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires.
  1. Fernando F. de A. Fernandes
A representação da História nos Jogos Eletrônicos.
  1. Luise Budde Mior
Três Marias e Uma Enedê-Mulheres Estrelas.
  1. Paulo Roberto Nunes Júnior
Formando uma juventude cidadã Escuela Superior de Comércio Manuel Belgrano (Córdoba – Argentina).
  1. Thiago Eller Verzola
Formando uma juventude cidadã Colégio Estadual Simão José Hess.
  1. Mariana Cardoso Silvério
Levantamento sobre a situação de prevenção da dengue no Colégio de Aplicação.
  1. Amanda Gabriella Cipriano
Alergias e alimentação: perspectiva da comunidade do Colégio de Aplicação – UFSC.
  1. Heloisa Marques Baumgratz
  2. Júlia Ceccon Ortolan
Influência dos hábitos de vida sobre a incidência do câncer.
  1. Júlia Favaretto de Sousa
  2. Raquel de Ameida Viergutz
HIV, e eu com isso?
  1. Paulo Remos Gregório
Cannabis Sativa: Efeitos sobre a fisiologia do Sistema Nervoso.
  1. Pedro Mombelli Locatelli
Vida de catanhão no mangue do Itacorubi.
  1. Ana Luiza Shimomura Spinelli
“Ditadura Militar: Olhares do Passado e do Presente”
  1. Ana Paula M. Couto
“ As causas da Imigração alemã para o Brasil”
  1. Giullia B. Alberton
Novembrada: Florianópolis fazendo história.
  1. Arthur Bobsin
Qualquer semelhança é mera coincidência?  Até mesmo a semelhança de Triângulos?
  1. Iana Mabel de M. Fazzoni
Estudo da Semelhança de Triângulos: aplicações matemáticas e  práticas.
  1. Cristiane Catarina Ventura
Mídia e consumo entre crianças do Colégio de Aplicação – UFSC.
  1. Gabriel de Carlos F.S.B
Astronomia em uma homepage voltada para o Ensino Médio.
  1. Júlio Bernardo Dutra
A escolha da profissão
  1. Matheus Zaneti Daunis
Energia Nuclear e Catástrofes Naturais: O Caso de Fukushima.
  1. Isis Shandra S. Santos
O uso de animais em laboratórios de cosméticos, produtos de limpeza e higiene pessoal.
  1. Kiane Lúcia Casagrande
Desenhos Animados:  Situações que contrariam as leis da física?
  1. Lina Ribeiro Venturi
  2. Otto Henrique Thiel
Mulheres na Música Erudita: Participação e História. 
  1. Maiara Kessin Geraldi
A física na mágica dos brinquedos.
  1. Thiago Guedes Willecke
As faces culturais e históricas do Candombe.
  1. Yuri Varella
As faces culturais e históricas do Candombe.
  1. Thiago Novo da Cruz
Rebobinando o filme: um pouco da história do movimento estudantil do Colégio de Aplicação /UFSC (2004-2010).
  1. Gabriel Moresco
Religiosidade contemporânea: as percepções de estudantes sobre religião em suas vidas.
  1. Luiza H. Loch
Cotidiano com ou sem logaritmos, o que você acha?

 

Prevenção do câncer é tema iniciação científica entre “pesquisadores mirins”

Tags: Colégio de AplicaçãopesquisaPibicPREG