Feira promove a agroecologia e a economia solidária no campus

21/11/2007 16:22

Integrantes oferecem variedade de produtos

Integrantes oferecem variedade de produtos

Desde 2005 acontece semanalmente no campus da UFSC a Ecofeira, um espaço de compra alternativa orientada pela agroecologia e economia solidária que reúne feirantes, comerciantes e artesãos da região e oferece desde alimentos orgânicos e produtos naturais, até “biojóias”, Cds e livros. Em agosto desse ano, a feira foi aprovada como um projeto de extensão do Centro Sócio-Econômico pelo Departamento de Apoio a Extensão e Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (DAEX/PRCE), passando a contar com um maior apoio da universidade em sua organização e realização.

Todos os itens comercializados são produzidos localmente de forma ambiental e socialmente responsável. A feira faz parte do projeto Ágora, cujo objetivo é criar uma nova relação de consumo mais justa e sustentável, originando futuramente uma cooperativa de consumo consciente. A Ecofeira prevê ainda a articulação da comunidade do entorno da universidade para participar tanto como produtores como da compra coletiva. Para participar como feirante, basta apresentar o seu trabalho, que deve ser produção própria e estar de acordo com as propostas da agroecologia e economia solidária.

Desde novembro, está sendo realizado na feira o “Brechó do Totó”, que, com a venda de roupas, sapatos e acessórios usados, arrecada fundos para trabalhos voluntários realizados com cães abandonados. As peças vendidas custam entre um e dez reais, são doadas ao brechó nos postos de arrecadação em clínicas veterinárias, ou diretamente aos seus organizadores. O dinheiro arrecadado com as vendas é direcionado à compra de remédios e ração para casas de apoio que recolhem cães abandonados e vítimas de maus tratos. O “Brechó do Totó” faz parte do programa “Cão Terapia” de Florianópolis, que promove passeios com cachorros confinados no canil municipal e campanhas de adoção desses animais. Ana Lúcia Martendal, organizadora do projeto, diz que além do trabalho de proteção aos cães, a participação na Ecofeira trata da questão ambiental e social, pois é o reaproveitamento de material, vendido a baixo custo.

Feira agora é projeto de extensão

Feira agora é projeto de extensão

Outro parceiro da Ecofeira Solidária é o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura em Grupo (Cepagro), organização não-governamental que conta com o apoio de alunos e professores da UFSC para prestar assistência a agricultores familiares que praticam a agroecologia no litoral de Santa Catarina. Os técnicos e estagiários do centro fazem o acompanhamento direto das lavouras, prestam assistência auxiliar individual às famílias agricultoras e realizam encontros de grupos onde promovem cursos e organizam cooperativas.

A agricultura ecológica prevê a auto-suficiência produtiva dos agricultores, que suprem as suas necessidades de sementes e adubo sem precisar compra-los de outras empresas e substituem ainda os insumos químicos pelos orgânicos. A cultura busca envolver todos os membros da família em um processo produtivo que não degrada o meio ambiente, capaz de resultar em uma produção satisfatória tanto para consumo próprio como para comercialização. O coordenador do Cepagro, Charles Lamb, diz que essa agricultura é mais antiga que a agricultura química e melhor tanto para a sustentabilidade do planeta como para os agricultores familiares, que perdem a condição de solo fértil quando não conseguem arcar com os altos custos dos insumos comercializados. “Nós não buscamos encontrar um nicho de mercado com a agroecologia, mas criar um suporte para a implementação de uma agricultura que respeita tanto a diversidade de produtos, a cultura e a condição econômica das famílias agricultoras, como o meio ambiente”, afirma Lamb.

A Ecofeira Solidária conta ainda com a atuação de dois monitores que promovem reuniões coletivas com os feirantes para discutir e orientar a sua organização, além de auxiliar nos trabalhos realizados fora da feira, como na divulgação do projeto. Com os recursos recebidos pelo DAEX foram compradas uma balança e uma barraca para uso coletivo dos feirantes.

A feira, que era realizada toda terça-feira atrás do Centro de Cultura e Eventos, hoje acontece às quartas-feiras, das 7h às 16h, na Praça da Cidadania, em frente à Reitoria.

Por Sofia Franco / Bolsista de Jornalismo na Agecom